Foi quando todos começaram a usar máscaras que deixei cair a minha.

Estava na hora de recomeçar,  de ver clara e nitidamente o que estava à minha frente e o que havia a deixar para trás.

Foi um tempo negro, cansativo, de arrancar cabelos, gritos interiores, lágrimas ansiedade e insónia....tudo para chegar finalmente à porta que abria um novo mundo, uma nova forma de estar e respirar.

Sem tabus, sem crenças limitadoras, sem o políticamente correcto, sem o agradar a todos, sem a hipocrisisa de querer ser algo que é inatingível e pouco humano.

Despi todas as roupas de todas as personagens que já fui e agora era tempo de ser eu, com todos os defeitos, com todas as virtudes, com todas as verdades, sem nunca perder a essência, a sensibilidade e o amor pelo próximo e por mim.

Rasgar os cortinados que antes não deixavam entrar a luz e sorrir, finalmente sorrir!

Essa luz esteve sempre aqui à espera de ser sentida e abraçada.

Começava agora a sentir um formigueiro de energia que me fazia andar para a frente,  passo a passo, como que emergindo aquela euforia e gosto pela descoberta, como se de uma criança se tratasse,  mas agora com uma tranquilidade e certeza, que só os anos de sabedoria e experiência poderiam trazer até mim.

Quem disse que essa vibração não pode ser sentida?

Quem disse que esta nova Era ou dimensão não pode ser tocada?

Porque nos limitamos ao pequeno e escasso quando podemos abrir asas, esticar o corpo e tocar toda uma imensidão de sensações....

Aquela porta abriu e do outro lado estava eu, pequena correndo pela praia num perfeito dia de verão, sem preocupações ou mochilas pesadas,  apenas correndo e brincando.

Num ápice tudo voltou , o sentimento, a felicidade, o sorriso, a descontração, o abraço sentido que dei a essa pequena,  mas tão grande parte de mim que havia esquecido no tempo, que havia negligenciado,  amordaçado em nome de tantas coisas que precisei obter na vida e para quê?

Para mais tarde perceber que sem essa criança não há vida, não há amor, não há sentimento ou sorriso....há apenas anos e anos a passar como se de um robot se tratasse.

Foi preciso abrir o peito e respirar, ouvir,  respeitar, sentir, chorar, ficar vulnerável, largar o controlo que ambiciosamente pensamos e queremos ter,  mas é apenas uma ilusão.

Mesmo a nós próprios,  que podemos controlar, nos escapam algumas páginas do livro, lá nos deixamos levar e quando damos por nós,  já o livro ganha novo título e tudo muda. 

Agora sei que nada está escrito, que tudo se vai desenrolando calma e fluidamente para o caminho certo, o caminho de cada um, com uma paisagem diferente, com um paladar distinto, com uma cor muito pessoal que vamos aprimorando ao longo da vida...quando a porta abrir...quando a porta abre...o que vês tu?

Rita de Vasconcelos Dias.

Janeiro 2022

Pela Liberdade

Nos tempos que hoje correm,

sorrir é pecado,

sempre gera interpretações,

de maledicência ou desagrado.

Já não há liberdade,

para poder respirar,

existe sempre uma porta,

onde vamos esbarrar.

O políticamente correcto,

tornou se chato e aborrecido,

vazio de conteúdo,

um corpo entorpecido.

Onde está a alma livre?

que tanto quer vivenciar,

um aberto sorriso,

um longo suspirar...

Uma nova canção, alegria no rosto,

Soltar a restrição,

Viver no oposto.

Quebrar todas as normas,

simplesmente SENTIR e SER,

esquecer essas dores,

que tantos imaginam ter.

Há um novo mundo,

pronto a desbravar,

é preciso garra e coragem.

que é sempre de louvar !

Queremos mais dos loucos,

que atiram fora a sua bagagem,

aqueles fora da caixa,

que transbordam outra imagem.

Toda a mudança é confusa e dolorosa também,

mas o que está do outro lado,

vale bem a pena apostar com Alma e sem desdém.

O nascer da Nova Era faz se com todos nós,

e aqueles que hoje são silenciados,

serão os nossos porta voz!

Ergue te hoje...sorri e enfrenta,

a tua coragem é Mestria,

que há muito te acalenta.

Sem medo ou vergonha,

é preciso ser diferente,

quebrar toda a forma,

imposta por uma sociedade doente,

ser o ponto de viragem,

ser o louco e arriscar

do outro lado estamos todos

ansiosos por finalmente nos libertar!

Rita de Vasconcelos Dias

2022